quinta-feira, 4 de setembro de 2008

" A EUROPA E O MUNDO "



O painel da tarde teve como orador António Vitorino, destacado militante do Partido Socialista, ex-ministro da Presidência e da Defesa Nacional e ex-comissário europeu, actualmente a exercer funções no sector privado.

Tal como António Vitorino declarou à comunicação à entrada para a sessão, esta é uma participação que “demonstra o espírito de abertura democrática dos organizadores da Universidade de Verão”. O director da Universidade de Verão, Carlos Coelho, referiu no início da semana que o “debate de ideias não deve ter fronteiras”, sobretudo numa iniciativa que reúne uma selecção nacional de jovens de todo o país que procuram formação política.

Num registo franco e sempre bem-disposto, António Vitorino deu aos alunos uma aula sobra a “Europa no Mundo”. António Vitorino iniciou a sua exposição afirmando que “o mundo reclama um protagonismo acrescido da Europa”, mas que essa expectativa não significa que o Mundo fique à espera da Europa. “A natureza tem horror ao vazio”, podendo outros ocupar um espaço que a Europa tem como seu.

Na opinião do orador, existem três “building blocks da União Europeia: o protagonismo económico; a diplomacia e regulação dos conflitos; e as questões de segurança e defesa.”

O nível económico é aquele onde os resultados são hoje mais evidentes, como o Euro e própria afirmação como maior mercado interno do mundo. Neste capítulo, a União Europeia é um player muito influente em matérias como o comércio internacional e sistema monetário global ou em matérias como as alterações climáticas.

O orador destacou ainda o papel que a União Europeia tem desempenhado no plano da globalização, assinalando porém as diferentes reacções que se verificam entre os países do norte e do sul da Europa, face ao fenómeno. Se por um lado, os países anglo-saxónicos olham para a globalização como uma oportunidade, os países do sul encaram-no como uma ameaça, desejando mesmo que a União Europeia sirva “para proteger os Estados-Membros dos malefícios da globalização”. Em qualquer das situações, os jovens olham para a globalização mais como uma oportunidade do que como uma ameaça. A opinião de António Vitorino é que a Europa deve ser um player também na questão da globalização.

Sobre a política externa e de segurança da União Europeia, o orador recordou a frase de Henry Kissinger, que dizia não saber “qual o número de telefone da Europa”, numa situação de crise.

António Vitorino rejeita a “comunitarização” como resposta clássica da voz única na política externa e de segurança, exemplificando com a composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas, considerando que “não é credível que os países europeus que aí têm assento, abdiquem para que a União fale a uma só voz”.

Seguiu-se o tradicional momento de perguntas livres por parte dos alunos. António Vitorino devolveu respostas francas e, em certos momentos, com uma dose de bom-humor.

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