terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ferreira Leite quer que Sócrates esclareça como escolhe empresas que ajuda

Para a líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite, é fundamental que o primeiro-ministro esclareça quais os critérios que estão na base da escolha das empresas que ajuda e se as medidas se vão prolongar depois das legislativas. Segundo a presidente do PSD, José Sócrates está a tomar opções de forma “discricionária”, quando em democracia as ajudas deveriam funcionar de forma clara e “igual para todos”.

As palavras da dirigente surgem no mesmo dia em que o “Correio da Manhã” noticia que a crise económica, nos últimos quatro meses, já levou cerca de 20 mil empresas à falência em Portugal, deixando 100 mil trabalhadores no desemprego. Os dados são da Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas, que responsabiliza o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, pela situação - especialmente grave no sector têxtil.

Em declarações à TVI, Ferreira Leite reiterou o desafio para um debate público sobre o estado da economia com José Sócrates e mostrou-se admirada com a recusa: “Revela uma falta de confiança muito grande”, disse. De acordo com a social-democrata, “os portugueses têm o direito de ser esclarecidos sobre as questões que os preocupam e só de uma discussão pública pode sair esse esclarecimento”. Por isso, afirma que é importante que fique claro se as empresas ajudadas são as que chegam primeiro ou se o factor simpatia também é determinante.

A líder do maior partido da oposição esclareceu também que só fala quando é “absolutamente essencial e há algo de novo para dizer” – o que mostra a importância que atribui a um frente-a-frente com o chefe de Governo. “É o momento oportuno para que os portugueses sejam esclarecidos”, insistiu. Para a dirigente é ainda mais incompreensível a recusa do primeiro-ministro quando este se diz “dono e autor de todas as medidas, considerando que não existem outras, que aquelas é que são as boas”.

Redução de impostos

Sobre os impostos, voltou a defender que o esforço não deve continuar do lado dos contribuintes e mostrou-se a favor de uma baixa num momento em o Executivo assegura que as contas estão estabilizadas. Ferreira Leite sublinha que a redução deve ser feita do lado da despesa e recusa todas linhas de crédito criadas por considerar que no futuro vão agravar o endividamento. Ao invés, preferia que esse dinheiro fosse usado para pagar as dívidas às empresas.

Na quarta-feira a Presidente do PSD tinha-se mostrado disponível para um debate público com o primeiro-ministro com o objectivo de discutir a crise económica e encontrar as melhores soluções para a superar. O desafio surgiu na sequência das previsões anunciadas esta semana pelo Banco de Portugal, que antecipou uma recessão técnica na segunda metade de 2008 e de 0,8 por cento para este ano.

No entanto, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, prontamente recusou o frente-a-frente com a social-democrata, alegando que José Sócrates já tem debates quinzenais no Parlamento e que o PS não é responsável por a social-democrata não ser deputada. Ainda assim, garantiu que em momentos eleitorais poderão ser criados outros espaços de debate.

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