terça-feira, 13 de janeiro de 2009

2009 e a escola portuguesa-por Pedro Duarte, antigo pesidente da JSD


Neste novo ano, o país deveria assumir como
prioridade o combate sem tréguas à indisciplina
e a promoção de uma cultura de exigência
nas nossas escolas.
No nosso sistema de ensino, são estes os
problemas credores de uma resposta imediata.
Não se ignoram as deformações estruturais do “sistema”:
o centralismo burocrático castrador de diversidade
e inovação, os programas e currículos desfasados ou a
insustentável taxa de abandono escolar. Do que aqui se
pretende tratar hoje é, porém, do curto prazo. Da “crise”,
do impasse, da angústia que se vive nas nossas escolas.
Se quisermos encontrar atenuantes para o aumento
do número de casos de desrespeito, indisciplina e até
violência, não nos faltarão munições. Ele é o contexto
familiar, as dificuldades de integração, a exclusão social
ou até a influência dos videojogos. Contudo, a crescente
pressão do lado das “causas externas à escola” só deve
ampliar a responsabilidade daqueles de quem se espera
que defendam, sem tibiezas, que a escola é um espaço
de formação cívica e não um recreio para delinquentes.
Exige-se uma atitude diferente, de intransigência, de pais
e professores. Mas, em primeira instância, impõe-se uma
inversão da complacência que tem caracterizado o ministério.
A desvalorização permanente dos casos mais
mediáticos é um factor reprodutor de indisciplina nas
salas de aula.
O país tem assistido à imposição ideológica de uma
cultura de facilitismo. A coberto da “escola inclusiva”,
despreza-se o esforço, desincentiva-se o mérito e alarga-
se a distância entre os que podem recorrer a outras
fontes (familiares e privadas) e os que têm de se resignar
à decrepitude do ensino estatal. Este Governo tem horror
a exames, fomenta os “diplomas” a granel e rejeita
reprovações de “potenciais excluídos”, isto é, de quem
pouco ou nada sabe. Esta política pode criar rosadas ilusões,
mas conduz o país para uma mediocridade que as
novas gerações pagarão a um preço elevado. Portugal
precisa do oposto: de uma aposta na exigência, trabalho,
mérito, conhecimento, nas competências e na qualidade
de ensino. Não há outra via para o sucesso.
É por isso que é incompreensível a obsessão governativa
na imposição de um modelo de avaliação de professores
que só tem causado instabilidade, desmotivação e
perda de autoridade dos professores.
O Governo tem exibido uma confrangedora impotência
para ultrapassar o impasse em que se atolou. É hora de
acabar com esta teimosa e insuportável guerrilha e de
encontrar uma solução equilibrada que garanta que os
professores passarão a ser avaliados, com um modelo
justo e fazível. Só falta vontade política.
Enquanto não há arte e engenho para dar este simples
passo, o ambiente nas escolas degrada-se e o Governo vai
perdendo força e energia para se concentrar nas questões
verdadeiramente relevantes e complexas do nosso modelo
de ensino. Um novo ano pode ser um bom pretexto
para uma nova atitude.

Pedro Duarte- Deputado do PSD

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