quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Greve “histórica” de alunos e professores



O Ministério da Educação admite que a greve de hoje dos professores teve uma “adesão significativa”, de 61 por cento, e que a paralisação obrigou ao encerramento de 30 por cento das escolas do país. O balanço da tutela fica longe dos primeiros números da Plataforma Sindical de Professores, segundo a qual a paralisação foi a maior de sempre no sector, com uma adesão acima dos 94 por cento, ou seja, 132 dos 140 mil professores aderiram ao protesto.

Os números da tutela, avançados com base em dados recolhidos pelo ministério às 11h00, foram avançados esta tarde, em conferência de imprensa, pelo secretário de Estado da Educação. Segundo Valter Lemos, houve uma "adesão significativa à greve" mas o membro do Governo considerou que os sindicatos "falharam" nas suas previsões. "Os objectivos colocados pelos sindicatos estão muito longe de ser atingidos", sublinhou, lembrando que as estruturas sindicais "anunciaram o encerramento total das escolas" e que a greve iria ter "uma adesão perto dos 100 por cento".

Os números de adesão à greve apresentados pelo ministério de Maria de Lurdes Rodrigues diferem dos indicados pela Plataforma Sindical dos Professores que, também em conferência de imprensa, anunciou uma participação "histórica" de 94 por cento. "É a maior greve de sempre dos professores em Portugal", reforçou Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma e secretário-geral da Fenprof, que recordou a paralisação de 1989 como a segunda maior depois desta e onde os números se ficaram pelos 90 por cento.

De acordo com o porta-voz da plataforma, a possibilidade de os professores fazerem greve às avaliações do primeiro período – que chegou a ser avançada há cerca de duas semanas – não está em cima da mesa, mas também não foi definitivamente colocada de parte. Mário Nogueira escusou-se comentar os números avançados pelo Governo. "Nem sequer os discutimos, o que nós registamos daquilo que foi dito pelo governo foi que pela primeira vez teve a capacidade de dizer que estávamos perante uma greve significativa".

Protestos agendados são para manter

No entanto, caso o Ministério da Educação não ceda, os professores prometem avançar com as acções de luta agendadas: uma vigília de 48 horas frente à tutela a partir de amanhã e greves regionais de norte a sul do país entre terça e sexta-feira da próxima semana. Ainda assim Mário Nogueira reiterou: “Nós queremos negociar. Convidamos o Ministério da Educação a abrir o processo negocial”. Contudo, os sindicatos insistem que não aceitam que a negociação seja feita com base no actual modelo, voltando a apelar à sua suspensão.

Por isso, a classe volta a pedir uma solução intermédia que deveria vigorar apenas este ano e que teria por base a auto-avaliação dos professores e a sua homologação por parte dos órgãos da escola, isto é, o conselho pedagógico e o conselho executivo. Para a Fenprof o novo modelo de avaliação a que pretendem chegar deveria, “ao contrário deste, favorecer a aprendizagem e a qualidade do trabalho docente”.

O secretário-geral da Fenprof sublinhou, também, que são de esperar novidades por parte da tutela nos próximos dias, considerando que a conferência dada por Valter Lemos, sem a presença de Maria de Lurdes Rodrigues, é um indício de “fragilidade” e de que algo está para acontecer. De todas as formas, o responsável espera que os dois dias de vigília dêem espaço ao ministério para repensar a sua posição. Quanto à possibilidade de fazerem mais paralisações, Mário Nogueira lembrou que as greves sucessivas são um “custo financeiro pesado” para os professores, pelo que não será provável.

Avaliação de desempenho "é para avançar"

As críticas dos professores à política educativa do Governo voltaram a ser afastadas pelo ministério, com o secretário de Estado da Educação a garantir que a "lei é para avançar" e que o processo de avaliação de desempenho dos docentes será mesmo concretizado este ano lectivo.

Valter Lemos sublinhou que o ministério mantém a porta aberta ao diálogo com os sindicatos para "encontrar todas as soluções possíveis" para os problemas que forem identificados pelas escolas na aplicação do modelo. "Temos mostrado sempre total abertura à negociação, apresentando propostas no sentido de alterar as dificuldades identificadas pelas escolas. A nossa posição continua a ser a de encontrar todas as soluções possíveis [para que o processo possa avançar]", reforçou.

in publico.pt

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